5 de set. de 2010

Entrevista com Clóvis Emídio

Cobnfira a entrevista do vice-presidente Clóvis Emídio, publicada na edição deste domingo do jornal Tribuna do Norte. Ele fala de contatações, sede social, Alex Padang, Eduardo Rocha, Souza, Lula Pereirae etc...

A situação do América é complicada, ou vocês da direção acreditam em uma virada?
Nossa situação é plenamente recuperável. A direção, em momento algum, pensou que o barco tinha afundado. De forma alguma. Ainda temos muito chão pela frente, muito jogo a ser jogado e compete única e exclusivamente à direção, empreender as medidas para que a gente saia dessa situação.

No início da temporada, a diretoria americana foi elogiada por manter a base de 2009. Em que momento do percurso, esse planejamento desandou?
A partir do momento em que o clube perdeu um campeonato estadual, que era tido como fácil, pelo América ter tido o melhor plantel, a partir do momento que fomos eliminados de forma bisonha, na Copa do Brasil, por um time semi-amador, que formou seu time na semana do jogo contra o América, que foi o São José. Então, a leitura é muito fácil: se não andou no estadual, se não andou na Copa do Brasil, enfrentando equipes, com todo respeito, como a do São José, você não pode insistir. Tivemos que rearrumar a carruagem em direção a um novo rumo.

O clube investiu em contratações como Adriano Magrão, Ronny e Asprilla, jogadores caros e que não renderam o esperado. Como foi a escolha desses jogadores?
O América não podia continuar pagando um preço alto por esses atletas, já que eles não vinham correspondendo como esperávamos. Eu diria, com exceção do Asprilla, as outras rescisões foram de forma muito amigáveis, muito brandas, sem nenhum transtorno para as partes. O Asprilla é um caso a parte, é um sujeito que não merece o respeito do América. O clube jamais recomendará sua contratação para qualquer time que seja. Ele saiu de forma drástica. Fizemos um acerto com ele com um cheque pré-datado, e ele sequer honrou esse compromisso.

Os acertos, com esses jogadores se deram por intermédio de empresários?
Nenhuma contratação, depois que me aproximei do América, há mais de 10 anos, pode ser creditada a dirigente A ou B. Quem contrata é a instituição. Quem deve responder por essas contratações, é o América Futebol Clube. Quem passa pela administração do clube, certamente tem o intuito de acertar sempre. Os erros são decorrentes de quem busca o acerto.

Você foi eleito junto com José Maria Figueiredo, presidente do clube. Como você recebe essas críticas por parte de alguns torcedores?
Ser dirigente de um clube, com a demanda de torcida semelhante a do América, o dirigente tem que ter a consciência de que ele passa a ser vitrine permanentemente. Quem não estiver preparado para receber críticas, não pode se aproximar do futebol. Principalmente em clubes do porte do América, com todas as dificuldades que temos que conviver.

A recente saída de Souza, e anteriormente, de Alex Padang e Eduardo Rocha, fragiliza a direção americana?
Eduardo Rocha, em nenhum momento, se afastou do América. Como estamos em uma nova administração, ele, simplesmente, ficou em uma retaguarda com os grandes americanos. Mas, em nenhum momento, ele se negou a colaborar com a nossa diretoria. Alex Padang, em momento algum, se furtou de discutir o América com a nova direção. Aconteceram problemas, de ordem muito privada, entre ele e o atual presidente, por opiniões diferentes sobre determinados assuntos, e temos que respeitar, que não devem preponderam no espectro maior, que é o América. A saída de Eduardo Rocha, nunca existiu e a de Alex, existiu um desentendimento com José Maria Figueiredo, plenamente contornável. Tanto, que já discutimos com ele, Alex Padang, recentemente, assuntos de ordem financeira.

E o que aconteceu com Souza?
Em relação a Souza, eu fui o mentor intelectual da volta dele para o América, já que ele havia se afastado do clube, realmente, depois de dezembro de 2009. Acontece que, desde nosso primeiro contato, que ele já tinha me alertado pela falta de tempo que teria, já que tem outros negócios. Tentei convencê-lo, que daria para conciliar seus afazeres, com as obrigações para com o clube. Souza é tão equilibrado e apaixonado pelo clube, que estava se sentindo mal de não poder dividir seu tempo com o América, de forma mais efetiva. Ele pediu para sair, porque não estava se sentindo bem em ter uma remuneração do clube, sem exercer sua função de maneira plena. Por esta razão, e respeitando, acima de tudo, o cidadão, aceitei o seu desligamento do clube. Mas, já contratamos outro para assumir seu lugar. Mas, sabemos que, dificilmente, alguém vai conseguir substituir Souza na sua plenitude, por tudo que ele representa para o América.

O atual técnico do América, Lula Pereira, foi indicação de Souza. Com a sua saída, a pressão pode aumentar no treinador?
Olha, alguns setores tem creditado a Souza, a contratação de Lula Pereira. Não foi. Souza, pura e simplesmente, concordou com o nome, por já ter trabalhado com ele e por ter convivido com ele. Mas, já fazia três anos que o América tentava a contratação de Lula Pereira para ser o nosso técnico, por enxergar nele, um profissional do mais alto quilate. Particularmente, sou da opinião de que Lula está entre os 20 melhores técnicos do país. Mas, efetivamente, a indicação dele foi da direção. Da mesma forma que José Maria Figueiredo, indicou o nome de Ferdinando Teixeira, mesmo sendo bastante respeitado e querido por nós, americanos decidimos por mudar. E Quando surgiu o nome de Lula Pereira, foi unanimidade. Não teve um só dirigente contrário. Sabíamos que o investimento seria alto, mas, confiamos que Lula Pereira iria dar a resposta que a diretoria esperava. E, está dando. Mas, ainda quero ver Ferdinando Teixeira comandando o América.

Depois que Lula Pereira foi contratado, chegaram cerca de 17 jogadores. Foram indicações dele?
Todas as contratações da era Lula Pereira, são de indicação do treinador. A única que foi não indicação dele foi o lateral-direito Dick. Foi Souza buscou informações sobre o atleta. Só depois de checar tudo, que assinamos contrato com ele. Lula Pereira, lógico, avalizou a contratação do atleta. Dos 16, 17 que chegaram, apenas um não foi indicação do treinador. As outras, todas, foram pedidos dele.

Esse elenco inchado do clube, com quase 40 jogadores, não atrapalha o ambiente?
Não tenha dúvida. Mas, vocês da imprensa contabilizam como jogadores do América, alguns atletas que estavam passando por um período de experiência, que estavam sendo observados. Atleta do clube, eu só considero aqueles que já assinaram o contrato. Por exemplo, o zagueiro Paulo Sérgio. Ele veio ser observado, por indicação de Lula Pereira, mas, em nenhum momento, ele foi jogador do América. No elenco, nós tivemos cerca de oito atletas em observação e mais oito que vieram das bases, que são nossas apostas para o futuro. Então, na verdade, o clube só tem 27 jogadores que tem contrato, o que é um número perfeitamente normal, se tratando de um elenco de futebol.

O crescimento do clube, não passa pela profissionalização dos setores?
A tentativa dessa gestão, desde o início, sinaliza nesse sentido. Quando cheguei na sede, tínhamos 16 funcionários. Hoje em dia, só ficamos com cinco, fazendo o mesmo serviço que os outros faziam. Tivemos problemas no nosso Centro de Treinamento com gente que estava ganhando dinheiro sem produzir nada. Demos uma enxugada nessa folha de forma a tornar viável a administração do América. E, iremos sim, profissionalizar todos os setores. Sonho o dia em que possamos ter, em todos os setores do clube, principalmente o futebol, profissionais remunerados pelos seus serviços. Isso é para onde o mundo do futebol sinaliza. Ou você profissionaliza, ou vai estar fadado a ter problemas. É uma necessidade premente.

O que tem de verdade em relação a essa polêmica que se criou em torno da venda da sede social do clube?
Em nenhum momento foi aventada a possibilidade de venda. O patrimônio do América, ninguém mexe. O que se tenta, é aproveitar todo o potencial dessa área que estamos instalados. Precisamos que a sede social dê rendimento mensal ao clube, para ajudar na sua sobrevivência. O modelo de clube social há muito pereceu. Só existem dois clubes em Natal que conseguem sobreviver do social. A AABB, que a mensalidade é descontada em folha e o Iate, onde os frequentadores têm um poder aquisitivo maior. Esses não sofrem de inadimplência e podem investir. O América, hoje em dia, ainda tem cerca de oito mil sócios remanescentes. Desses, apenas 500 pagam mensalidade em dia. Isso, quando o time vai bem. Quando está mal, não chega a 200. Os sócios, na sua absoluta maioria, estão inadimplentes.

Então, como aproveitar a sede?
A ideia central é fazer com que, esse terreno, que é um dos mais valiosos da área nobre de Natal, passe a render dividendos para ajudar na manutenção do clube. É óbvio, que quando se fala em parceria, você vai empatar parte desse patrimônio como retorno para quem investir. Mas a ideia é fazer isso, de tal forma, que potencialize o patrimônio do América. Ao invés de depredá-lo, temos que potencializar. Vamos criar um mix de lojas, restaurantes e salão de eventos, para se alugar. Temos que fazer a sede render dinheiro. O América, hoje, com todo esse valor que tem, sobrevive à custa de muitos sacrifícios de seus abnegados.

O técnico Lula Pereira, quando da saída de Júlio Terceiro, revelou que existe um grupo de jogadores, dentro de clube, com estigma de perdedor. Como a direção analisou esse caso?
Nosso treinador foi muito infeliz nessa declaração. Inclusive, comentei isso com os outros dirigentes e todos foram unânimes em não concordar com tal declaração. Júlio Terceiro, enquanto permaneceu no América, foi ídolo. Não podemos dizer que o atleta não deixou sua marca na história do clube. É tanto que, na saída de Júlio, disse a ele que o mundo gira e que no futuro, ele pode retornar ao clube. Do jeito que Lula Pereira está aqui, e é intenção nossa que ele fique por muito tempo, já que, na medida que ele for mostrando resultados, não vejo motivos para troca de comando, mas, pode acontecer um revés e não vai existir impedimento nenhum para que Júlio retorne ao clube. Na minha opinião, como vice-presidente do clube, o treinador foi infeliz na sua declaração. Nós não temos jogadores perdedores. Os que se tornaram ídolos da torcida, certamente tem o seu valor. E não há, sinceramente, problemas de relacionamento algum. As mudanças são necessárias.

Qual mensagem você pode deixar a torcida do América, nesse momento difícil que o clube vem atravessando?
Acreditem que ainda vamos escrever uma bonita história dentro do clube. Estamos buscando fortalecer o grupo, nós sabemos das deficiências que nós temos, vamos estar, permanentemente em negociações para requalificar o grupo, e a torcida pode ter certeza absoluta, que nunca passou pela cabeça de nenhum dirigente a possibilidade de descenso. Quem está falando isso não é o vice-presidente, É um torcedor igual a tantos americanos apaixonado por esse clube. Vamos dar a volta por cima e conseguir honrar as cores do América.
Com você, o Mecão é ainda mais forte. Seja Sócio!

5 comentários:

Anônimo disse...

EU ACREDITO!!!

Kelvin Lima

Anônimo disse...

Entrevista coerente, sem melindres.
Clovis é oriundo da arquibancada e galgou a Diretoria por competência, merecendo o nosso respeito

Anônimo disse...

Eu dou o meio apoio ao Clóvis e acredito muito numa virada do Mecão. Ass: Adriano

Anônimo disse...

UM TIME QUE MANDA LUIZ MARANHÃO EMBORA QUE SUBIU COM O TIME EM 2.006 E MANTEM JULIO TERCEIRO QUE NÃO GANHOU NADA COM O AMERICA E A DIRETORIA O TEM COMO IDOLO SO PODE CAIR VOU ESPERAR ISTO ACONTECER NO FINAL DO ANO AI VAMOS VER QUEM TEM RAZÃO.

Francisco Gouveia disse...

Sou amigo prticular de Cloves, tenho total confiança nêle, espero que consiga o que diz.
Parabens Cloves por ser vice presidente atuante

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