12 de set. de 2011

Lições e recomeços

Rubens Lemos Filho
Jornalista

Das lições do final de semana, da glória do basquete ao fracasso do futebol de areia, o grito de Goianinha também foi especial. Eis classificado, com duas rodadas de antecedência sob os ventos agrestes de Goianinha, o escorraçado, humilhado e dado como morto América Futebol Clube.
Há poucos meses, as visões alucinadas pela paixão cega esperavam a hora de ver na guilhotina a cabeça e a história do América, como se não pudessem lembrar o quanto é pendular o futebol, o quanto imita uma roda-gigante a vida como ela é, em campo ou no roteiro real de cada um.
O América conseguiu se superar pela própria demonstração de autoestima, de amor próprio, condições da natureza humana que funcionam como energético moral de reabilitação. Sem estádio, sem dinheiro, sem perspectivas, o América confiou na tradição, apostou em Goianinha, reconheceu o seu estágio e dele, extratificou o sumo da volta por cima.
Claro, nada ainda está garantido. Mas terminar com 16 pontos e sem chances de ser alcançado por ninguém, era uma previsão de louco, de irresponsável. O futebol é assim. O desafio do América e também do ABC na Série B, é conservar a lucidez quando a consagração das conquistas chega.
Título ou classificação entorpece. Envaidece. Superlota de egolatria. E de menosprezo ao rival. Aí vêm a queda e o desespero do recomeço. Saber ganhar é a jogada cerebral de xadrez. Ou a gloriosa lição do basquete sem estrelas.

* Texto publicado na coluna Passe Livre, Jornal de Hoje.
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4 comentários:

CLOVIS EMIDIO disse...

ESSE É UM DOS POUCOS GÊNIOS QUE A IMPRENSA POTIGUAR NOS PERMITE LER. A ELE OUSO JUNTAR ADRIANO DE SOUZA, MEU PRIMO DE ALEXANDRIA, OUTRA CABEÇA ILUMINADA.
ASSIM COMO O "DE SOUZA", É SÓBRIO, SENSATO E, APESAR DE IGUALMENTE APAIXONADO PELAS OUTRAS CORES DE EXPRESSÃO MAIOR DO FUTEBOL PAPA-JERIMUM, EXPRESSA A SUA OPINIÃO COM O EQUILÍBRIO CARACTERÍSTICO DOS FORTES DE ESPÍRITO. E FALA UMAS VERDADES QUE SÓ INCOMODAM AOS ÁRIDOS DE INTELIGÊNCIA.
OXALÁ O FUTEBOL DO ESTADO PUDESSE MANTER AS FORÇAS MAIORES EM EQUILÍBRIO POR MUITO TEMPO. MAS, POR OBRA E GRAÇA DA ARIDEZ QUE GRAÇA NOS MEIOS DIRIGENTES, VIVEMOS SIM ESSA GANGORRA, TÃO BEM ILUSTRADA NOS ESCRITOS DE "RUBINHO". COMO ESCREVE BEM ESSE MOÇO!

Evilázio Fialho disse...

O seu pensamento se espraia como um sopro de lucidez e as letras constituem um mero contraponto para expressa-lo.É uma maravilha poder ler sua coluna.Malgrado reconhecer o seu direito de escolher cores menos brilhantes,rendo-me à evidencia de que o branco é uma mistura de todas as cores. E isto o torna um pouco Americano...Com respeito ao lúcido comentário,é sempre bom lembrar-se que nada foi conquistado,ainda.Apenas o direito de continuar sonhando.Mas comungo com aqueles que sonham na conquista maior do acesso.Deus permita que seja um sonho bem sonhado e o Mecão retorne ao lugar de onde não deveria ter saído.

Carrasco disse...

Não conheço pessoalmente, mas admiro a maneira como esse rapaz coloca bem as palavras e esculpe pérolas atavés delas!
Somos contemporâneos e saudosistas de uma época áurea do futebol não só do RN, mas á nível mundial!
Torce por seu time do coração declaradamente, mas sabe como POUCOS exercer sua vocação profissional sob o crivo da imparcialidade!
O que seria do futebol, se 'abnegados e apaixonados' como esse rapaz não se manifestassem?
Quem sabe um dia, nas varandas praieiras da vida a gente não se encontra e troca uma idéia sobre futebol?
Abraço á ele.

Anônimo disse...

Parabéns, Rubens.
Sabemos da sua escolha por outras cores, mas mesmo assim, ao comentar o bom momento que vive o nosso querido Mecão, fala com serenidade, com sensatez e com equilíbrio.
Você retratou muito bem ao lembrar "um América escorraçado, humilhado" eu acrescento, sem um lugar para mandar os seus jogos.
Goianinha nos recebeu de braços abertos, como
uma verdadeira anfitriã, dentro das suas limitações e que , a cada dia, melhora a sua recepção.
É diante deste quadro que o América se superou, recuperou a auto estima e a confiança da sua torcida, reabilitou-se e mostrou que não estava
morto.
Mesmo integrando "o grupo chamado da morte", mostrou o seu potencial, com uma classificação antecipada e primeiro do grupo.
A vontade dos dirigentes, a responsabilidade do grupo de profissionais (técnico, auxiliares e jogadores) e sua torcida trouxeram de volta as conquistas, mantendo acesa a crença do seu retorno a Série B.

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