10 de set. de 2012

Bate Bola com Zé do Carmo



 imagem/Marcelo Montenegro

Nome... José do Carmo Silva Filho, conhecido como o único Zé do Carmo do futebol mundial (risos)
Idade... 18.615 dias de vida (risos)
Natural... Recife
Estado civil... fui casado duas vezes, mas por falta de compreensão a gente terminou se separando. O primeiro casamento foi com Célia, que nasceu Breno, que é jogador de futebol e hoje atua pelo Campinense; o segundo foi com Adriana, que nasceu Adriano, que começa a dar os primeiros passos na escolinha do Náutico e quer jogar como lateral-esquerdo; e uma terceira situação que não houve casamento, mas que nasceu uma menina chamada Valentina, que tem um ano e dez meses.
Pais... José do Carmo Silva e Geni Nogueira Silva
Residência fixa... sempre Recife, sempre Recife. Hoje, por estar separado e pela casa da minha mãe ser muito grande, terminei sendo convencido a morar novamente com ela. Hoje eu sou filhinho de mamãe. (risos)
Iniciou a carreira... eu trabalhei inicialmente em todas as categorias de base do Santa Cruz e depois cheguei ao profissional, onde passei dez anos. Foram sete anos seguidos no Santa, depois fui para o Vasco, onde passei quatro anos, mais três anos na Acadêmica de Coimbra, em Portugal, retornei ao Brasil para jogar mais três anos pelo Santa Cruz. Joguei, ainda, seis meses pelo CRB, mais seis pelo Ituano e finalizando mais cinco meses no Uniclinic, que estava na segunda divisão do cearense, quando fui campeão e tive que parar pois o meu cansaço já era mental.
O maior jogador com quem você atuou... eu atuei com vários jogadores de referência. Tive a oportunidade, ou melhor, eles tiveram a felicidade de jogar comigo (risos), como foram os casos de Romário, Bebeto, Mazinho, Bismarck, Roberto Dinamite, Luis Neto, Birigui e Henágio. Todos jogadores de expressão e costumo dizer que fui um felizardo ao jogar com uma nata de bons jogadores, que me ensinaram muito e hoje a gente tem a felicidade de tê-los como amigo.
Local que mais gosta em Natal... adoro Ponta Negra. Adoro dar a minha corridinha, principalmente quando a praia está seca, a maré baixa. Você correr, olhar para o Morro do Careca e depois tomar uma cervejinha é muito bom. Hoje eu posso dizer que Natal é minha amante, minha paixão e Recife continua sendo a minha esposa. 
Time que torcia na infância... Santa Cruz. Sempre fui torcedor do Santa Cruz de ir a campo, mas nunca pensava em ser jogador de futebol.
Se não fosse jogador de futebol... eu pensava em estudar, trabalhar e ter o meu dinheiro para assistir futebol, ir ao cinema. Pelo medo que eu tinha, pensava também em ser dentista.   
Um jogo inesquecível... eu tive a felicidade de ser campeão brasileiro pelo Vasco, no dia 17/12/1989, no Morumbi, contra o São Paulo. Ganhamos de 1x0 e esse jogo foi inesquecível.
Um gol inesquecível... eu como cabeça de área joguei vinte anos e fiz 100 gols, sendo 96 pró e 04 contra (risos). Fiz um a favor do Fluminense e o Vasco terminou sendo eliminado das semifinais, fiz um a favor do Central, do Sport e do Atlético de Caruaru. Desses 96 gols que eu fiz, um inesquecível foi de calcanhar, em 23/11/1986. Eu gosto de guardar datas, pois nesse dia meu filho tinha 23 dias de nascido.
0 1° gol... o meu primeiro gol como profissional foi uma vitória que nós tivemos contra o Paysandu, em Recife, em 81, e eu fiz o terceiro gol (o jogo foi realizado no dia 17/01/1981, o Santa Cruz venceu o Paysandu por 3x0).
Um amigo no futebol... Ricardo Rocha (ex-zagueiro do Santa Cruz, São Paulo, Vasco, Real Madrid e Seleção Brasileira), esse é daqueles para o que der e vier. É claro que tem ainda o Pedrinho, que foi um lateral-esquerdo do Santa Cruz, mas o Ricardo Rocha é o grande amigo que eu tenho no futebol.
O melhor jogador do mundo na atualidade... o cara que gosto da maneira de jogar é o Cristiano Ronaldo.
O seu melhor técnico... na verdade, eu tive três treinadores que os coloco em situações diferentes. O Fito Neves foi taticamente um dos melhores treinadores que eu tive na carreira. O Evaristo de Macedo foi aquele que me lançou no futebol tecnicamente e o Carlos Alberto Silva psicologicamente. Esses três treinadores foram marcantes e se você me perguntar qual o melhor de todos é claro que vou ficar com o Evaristo pela sensibilidade de ter descoberto os meus primeiros passos.
Ídolo fora do futebol...  fora do meio eu não costumo ter pessoas como ídolo. Eu gosto de acompanhar a trajetória das pessoas que reivindicam coisas em prol de causas sociais. Por isso, mesmo não tendo votado nele, acho que o presidente Lula foi uma pessoa importante em toda essa mudança no país.
Ídolo no futebol... no futebol eu sempre tive uma admiração especial por pessoas que trabalhei e que me ajudaram muito como um jogador chamado Joãozinho, que na época do Santa Cruz que me deu bons conselhos. Hoje eu perdi até o contato com ele, mas foi um cara que sempre admirei. Agora o meu ídolo mesmo foi Givanildo Oliveira, com o qual tenho passagens inesquecíveis no futebol.
O jogador mais difícil que você enfrentou... é um cara conhecido de todos nós e por mais que eu tentasse cantar a jogada dele não conseguia pará-lo. Era o Zico. Eu tive vários confrontos com o Zico no Maracanã e eu dizia que ele ia sair pela direita e ele saía pela esquerda; achava que ele ia tocar de primeira e ele terminava dominando a bola. É um cara que admiro não só pela maneira como se portava dentro das quatro linhas, mas também pela habilidade que possuía como jogador.
Local para passar as férias... como eu nunca participei do Carnatal, espero participar este ano com um acesso. Então, vou conhecer o Carnatal, já que por muitos anos estive presente no Recifolia e agora quero participar dessa festa aqui em Natal. Mas o normal mesmo é passar as férias em Recife e fica até difícil alguém me tirar de lá no mês de dezembro, principalmente por causa das confraternizações com os amigos.
Prato que sabe cozinhar... rapaz, o meu ovo e o meu macarrão misturado é comível...(gargalhada)
Gostaria de conhecer... eu gostaria de sentar para conversar com Luciano Huck. Acho um cara sensível às causas e não vejo o envolvimento dele com falcatruas. Então, eu admiro esse cara.
Não come de jeito algum... rapaz... (pensativo) aquilo que eu não como, eu tenho que experimentar primeiro para dizer que não gosto (risos). Não existe uma comida que rejeite. Tanto é que no início da minha carreira aprendi a comer salada e verduras. Hoje não tenho nada para enjeitar. Comi cachorro na Índia e sai latindo igual a um pitbull (risos).   
O melhor estádio que jogou... o Serra Dourada na época áurea era o melhor estádio em todas as situações. 
Viagem inesquecível... foi para o Japão. Sempre tive vontade de conhecer o Japão e terminou sendo uma viagem de sonho. Aliás, eu tive essa viagem de sonho, mas fiz uma especial. Estive na Disneylândia, quando o Vasco fez alguns jogos nas cidades de São Francisco e Los Angeles. É uma coisa que faz você voltar no tempo. Como o meu pai não teve uma situação financeira para me levar, eu vou confessar que virei criança por cinco horas lá na Disneylândia.
Medo... não tenho, por incrível que pareça. Certa vez eu estava caminhando com o meu filho por Ponta Negra e quando ele viu que era o muro do cemitério deu uma corrida para o outro lado da rua. Aí eu disse para ele ter medo de gente morta, tem que ter de gente viva (risos).
Tipo de música que mais gosta... adoro ouvir um pagodezinho, gosto de MPB também.  Tocou, véio, até William Bonner cantando a música do Jornal Nacional eu danço (risos)  
Um cantor...  gosto de Nando Cordel, Reginaldo Rossi, Zeca Pagodinho... Gosto da muvuca (risos)
Uma cantora... Elba Ramalho
Um filme... teve um filme que até a última cena fiquei assustado: Atração Fatal. Eu era casado e tinha uma namorada. Eu me vi naquela situação. Esse filme foi marcante.
Assiste na TV... além dos programas de esportes, eu gosto de National Geographic. Gosto de observar a natureza, principalmente um leão correndo atrás de uma presa. Acho interessante esse poder da sobrevivência.
Não suporta na TV... tem situações que por mais que você queira se inteirar fica difiícil de acompanhar, como esse programas policiais. Você termina tendo alucinações e como eu sou sonâmbulo, não posso assistir isso antes de dormir (risos)
Uma lembrança boa... os títulos são sempre importantes e esse último agora aqui em Natal, que tive a felicidade de estar participando junto com o grupo, é sempre o mais gostoso.   
Uma virtude... fazer amizade. Eu tenho muitos amigos. No futebol eu não tenho inimigos, agora se alguém não gosta de mim é outra situação.
Um defeito... eu melhorei muito, mas ainda sou falastrão (risos). Eu falo pra caramba, só que não falo aquilo que não se deve falar.  
Quem mais te ensinou na vida... o Pedrinho, que jogou no Santa Cruz e que também foi auxiliar-técnico. Esse cara tem uma participação na minha vida muito forte, porque muita coisas que ele falou procurei correr atrás e fazer exatamente igual.
Não sai de casa sem... relógio.
Uma nota 10... rapaz, o meu pai merece um dez. Acordava às 4 horas da manhã para nos alimentar e hoje com 78 anos ainda toma a sua cachacinha (risos)
Uma nota 0... as pessoas que entram na política para usufruir de coisas boas e não fazem nada em prol dos pobres.  
3-5-2, 4-4-2, 4-3-3, 3-6-1... eu como treinador sempre gostei do 3-5-2. Acho um esquema perfeito para marcação e ataque. Você defende bem, encaixado, e ataca com um número muito grande de jogadores.  
Uma cidade para se viver... Recife, eu adoro Recife. Natal está sendo a minha namorada, mas Recife será a minha eterna esposa
Uma cidade que não retorna nunca mais... Salvador. Tanto é que fui assaltado na última vez que estive lá.
Lugar que gostaria de conhecer... Fernando de Noronha, apesar de ser pertinho. Estou me programando para conhecer no final do ano.
Prato favorito... rapaz, eu vou lhe dizer uma coisa: eu adoro feijoada. Agora uma feijoada completa, com todos os ingredientes.  
Sonho de consumo... uma BMW 325i (risos)
O lado bom da fama... quando você está numa fila e o cara diz: Zé encosta aqui...(risos)
O lado ruim da fama... quando você perde um jogo (risos)
Ponto positivo em Natal... por incrível que pareça é a segurança. Eu ainda vejo Natal muito melhor que Recife. Em Natal ainda ando com os vidros do carro abertos e paro em sinal vermelho depois das 22 horas. Em Recife eu não paro.
Ponto negativo em Natal... como na grande maioria dos lugares, as pessoas têm um descaso com os buracos nas vias que é uma covardia.
Momento de tristeza... eu tive uma desclassificação em Caruaru pela Série B contra Central, que na época era no sistema de mata-mata, que isso até hoje me incomoda. Eu jogava pelo Santa Cruz e nós tínhamos um time muito bom, com Marco Aurélio, Sorato e outros mais. Isso foi em 1995.
Superstição... eu não passo por debaixo de uma escada nem se você me der um carro zero (risos)
Religião... eu durante muitos anos fui devoto de santo, mas sempre lendo a Bíblia. Porém, não encontrei na Bíblia nome de santo nenhum. Hoje eu leio e escuto muito a palavra do Evangelho, que fala de Jesus.
O engraçado do grupo...na verdade, o Pingo, por ser de Abreu e Lima, uma cidade da região metropolitana de Recife, é um cara que tem uma identificação muito grande com o grupo e todo mundo dá risada com as colocações que ele faz de maneira sempre inteligente.
Tem alguma mania...  tenho algumas manias, mas uma que eu tenho é de estar sempre querendo combinar a roupa. E dizem que eu sou o inimigo da moda (risos)
Olhando para trás, o que foi difícil... quando eu era jogador pensava que a vida de treinador não era tão difícil. É muito difícil. É muito complicado. Você lida com pessoas que pensam diferente de você. Existe toda essa pressão e muitas vezes há exigência e não há uma condição para se trabalhar.  
Praticou outro esporte... futevôlei
Como jogador qual era a sua maior qualidade... a antecipação e o cabeceio.
O que mais irrita no futebol... a má arbitragem
O choro vem fácil quando... principalmente quando estou sozinho em casa. Hoje os meus momentos de solidão são muitos e tem dia que se eu estiver assistindo uma cena forte na televisão choro e não tenho vergonha de chorar.
Bebida... gosto de uma cervejinha, sou fã do vinho, adoro whisky e se colocar uma caipirinha eu também tomo... (risos)
Presente que lhe agrada... relógio
Programa de índio... você chegar num barzinho e só ter homem (gargalhada)
Revista... li por muito tempo a Veja e a Época, mas depois a gente termina tendo uma decepção quando descobre que algumas pessoas estão envolvidas com falcatruas
Signo... Leão
Hobby... adoro praia
Uma mulher bonita... tem uma mulher que até hoje eu admiro demais. Assisti muito filme com Helena Ramos. Essa mulher me marcou muito, juntamente com Sônia Braga. Época da adolescência, cheio de calo na mão (gargalhada)
Melhor compra... rapaz, eu comprei um terreno em Porto de Galinhas e depois vendi para casar. Foi a melhor compra e e a melhor venda (risos)
O que não pode faltar na geladeira... não falta nunca cerveja e doce.  
Não gosto de... não gosto de ver ponta de cigarro. Tenho um nojo danado, principalmente quando estou comendo.
Não recuso nunca... um beijo de uma mulher
Do que você sente falta de Recife? do convívio com os meus filhos, junto com a minha mãe. Quando tenho qualquer brechinha estou sempre junto com eles.
O melhor time que jogou... posso fazer uma seleção do melhores, mas um time inesquecível mesmo foi o Vasco de 89: Acácio, Luiz Carlos Winck, Marco Aurélio, Quiñonez e Mazinho; Zé do Carmo, Boiadeiro e Bismarck; William, Soarato e Bebeto. 
Dirigente que você não conversa mais... Vanor Cruz, o dono do Uniclic, que me prometeu o cargo de treinador. Saí de Fortaleza e fui pegar o restante das minhas roupas em Recife, quando pensei em retornar ele já havia contratado outro treinador sem dar a mínima satisfação.
O melhor árbitro... Dulcídio Wanderley Boschilia, um loirão de São Paulo.
O pior árbitro... Zé Araújo, um paraibano que apitava em Recife.
Depois que você parou de jogar, o que lhe fez mais falta... o dia-a-dia, estar no campo, treinando, jogando, viajando. Nada me cansava, tudo me satisfazia.
A imprensa ajuda ou atrapalha?... depende muito. Quando existe coerência, até crítica você tem que levar para o lado positivo, mas quando tem perseguição atrapalha bastante e tira até o torcedor de campo.
Carnaval: Recife ou Olinda?... Olinda, pela espontaneidade
Pernambucano nota 10... um cabra porreta, virado num “moi de coento”, como a gente costuma falar, e que sempre leva as nossas origens para onde vai é Reginaldo Rossi.
Pernambucano nota 0... é aquele que não trabalha em prol de uma causa. O Marco Maciel sempre me decepcionou, por ter sido vice-presidente e ter trazido pouco desenvolvimento para o estado de Pernambuco.
Os times que formarão o G4 após a 38ª rodada?... sem observar a sequência, eu coloco Criciúma, Vitória, América e Goiás.
O que você trouxe de dentro das quatro linhas?... o respeito pelas pessoas.
Quando começou a sua parceria com Roberto Fernandes?... em 2010, mas nós já nos conhecíamos desde 2007, quando eu fui coordenador técnico do Náutico e ele foi para a primeira divisão. Roberto é uma das grandes amizades que eu fiz no futebol.
Com você, o Mecão é ainda mais forte. Seja Sócio!

1 comentários:

Carrasco disse...

Só faltou o grande Zé citar que o referido gol inesquecível de calcanhar, foi marcado no estádio Serra Dourada, num domingo a tarde e foi escolhido o "gol do fantástico" naquele dia!
Deixa a modéstia de lado, rapaz!!
Realmente foi um belo gol!
E o tal "Joãozinho", não seria aquele ponta esquerda moreninho que foi do Confiança-SE (se não me falha a velha memória!) para o Santa Cruz? Tal qual o centro avante Nunes, que depois do Santa foi pro Flamengo?

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